John locke
Por Luiz Augusto Campos*
MIGUEL, Luis Felipe. O nascimento da política moderna: Maquiavel, utopia e reforma. Brasília: Ed. da UnB, Finatec, 2007. 133 p.
Lidar com temas clássicos e muito visitados em geral redunda em um hermetismo próprio das exegeses de segunda ordem. Por esse motivo, O nascimento da política moderna: Maquiavel, Utopia e Reforma, de Luis Felipe Miguel, surpreende por conjugar um estilo de escrita acessível com profundidade no tratamento das questões propostas. Como o próprio título indica, a intenção da obra é analisar autores do pensamento político moderno de quem herdamos a noção da política como uma esfera eminentemente social, autônoma em relação à moral e à religião, e que possui regras de conduta próprias. Ainda que reconheça a pluralidade de pensadores que se debruçaram sobre o tema, Miguel defende que “é inegável que, por volta do século XVI, houve uma mudança decisiva no modo de pensar a política, da qual somos herdeiros” (p. 8). É justamente neste momento histórico de transição que ele localizará os principais formuladores da separação entre política e moral religiosa. Dentre esses pensadores destacam-se: Nicolau Maquiavel, precursor do realismo político; Thomas More, responsável por cunhar e significar
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Cientista político pela UnB, mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, atualmente, doutorando em Sociologia no Iuperj e pesquisador do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa-Iuperj). E-mail: lascampos@ gmail.com
Sociedade e Estado, Brasília, v. 24, n. 3, p. 883-891, set./dez. 2009
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Luiz Augusto Campos
o conceito de utopia; e por fim os promotores da Reforma Protestante, sobretudo Martinho Lutero e João Calvino. A obra se constitui numa mescla de análises teóricas com dados históricos elucidativos e instigantes, sem deixar de mencionar algumas breves e circunstanciais resenhas das diferentes interpretações existentes