John Cassavetes, gênio desconhecido
A filmografia do cineasta estadunidense John Cassavetes se resume a doze filmes. Entre os anos de 1957 e 1986 (quase trinta anos), este mestre da cinematografia dos Estados Unidos, realizou sua pequena-grande obra. Para os cinéfilos mais desavisados, a chance mais comum de lembrar do cineasta e ator Cassavetes é ao pensarem no personagem Guy Woodhouse – marido de Rosemary Woodhouse (Mia Farrow) –, do sinistro ‘O bebê de Rosemary’ (Rosemary’s baby), 1968, de Roman Polanski. Pois bem, o nova-iorquino John Cassavetes viveu parte de seus 59 anos, dedicados ao cinema. Considerado o mestre maior do cinema independente dos Estados Unidos (contraponto importante à indústria cinematográfica local, que desde meados da década de 1950, vinha conhecendo a decadência dos grandes estúdios), este cinema encontra em Cassavetes e outros cineastas estadunidenses desse período a possibilidade de dialogar com os “Cinemas novos”, que pipocavam por toda parte do mundo, e principalmente a possibilidade de produzir um cinema livre dos ditames dos estúdios. Seu primeiro filme é uma obra-prima. ‘Sombras’ (Shadows), começa a ser filmado em 1957, tendo sua versão final apresentada apenas em 1959. Uma câmera que passeia ao som do jazz, por entre personagens criando uma mise en scène aparentemente aberta, no entanto muito bem pensada para que os atores improvisassem. Graças ao “sucesso” por tal investida (o filme foi muito bem recebido em Veneza, levando o Prêmio da Crítica), Cassavetes filmará seus dois próximos filmes nos estúdios. ‘A canção da esperança’ (Too late blues), de 1961 e ‘Minha esperança é você’ (A child is waiting), de 1963, são obras que marcam o racha definitivo entre o cineasta e os grandes estúdios. A partir deles Cassavetes só filmaria de forma independente, com equipe e elenco repleta de amigos e familiares. Em 1968, com o filme ‘Faces’, o cineasta volta de forma brilhante a ensaiar sua obra, trazendo mais uma vez espaço