Jinihi

11942 palavras 48 páginas
ÉTICA E RELIGIÃO do livro “Consiliência” de Edward O. Wilson ( sem identificação do autor )

SÉCULOS DE DEBATE sobre a origem da ética resumem-se a isto: ou bem os preceitos éticos, como justiça e direitos humanos, são independentes da experiência humana, ou bem são invenções humanas. A distinção é mais do que um exercício para filósofos acadêmicos. Da escolha entre as hipóteses depende toda a diferença no modo de nos vermos como uma espécie. Ela mede a autoridade da religião e determina a direção do raciocínio moral. As duas hipóteses em competição são como ilhas em um mar de caos, imóveis, tão diferentes como vida e morte, matéria e vácuo. Qual está correta não pode ser descoberto por pura lógica; por enquanto, apenas um salto de fé o levará de uma para outra. Mas a verdadeira resposta acabará sendo atingida pelo acúmulo de dados objetivos, O raciocínio moral, acredito, é em cada nível intrinsecamente consiliente com as ciências naturais. Toda pessoa reflexiva tem uma opinião sobre qual das premissas está correta. Mas a divisão não é, como se supõe popularmente, entre crentes religiosos e secularistas. E entre transcendentalistas, aqueles que pensam que as diretrizes morais existem fora da mente humana, e empiristas, que as consideram criações da mente. A escolha entre convicção religiosa e nãoreligiosa e a escolha entre a convicção eticamente transcendentalista e empirista são decisões entrecruzadas no pensamento metafísico. Um transcendentalista ético, acreditando que a ética é independente, pode ser um ateu ou então supor a existência de uma divindade. De forma paralela, um empirista ético, acreditando que a ética não passa de uma criação humana, pode ser um ateu ou então acreditar em uma divindade criadora (embora não um Deus concessor de leis no sentido tradicional judaico-cristão). Nos termos mais simples, a opção da base ética é: Acredito na independência dos valores morais, venham de Deus ou não, ou Acredito que os valores morais vêm apenas dos seres

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