Jimbo

A moralidade humana é onde a afetividade e a Razão se encontram como um confronto. Essa oposição pode ser vista entre as personagens de dois grandes autores dramáticos franceses do século XVII, Racine e Corneille.
Para Racine a paixão é avassaladora sem controle, como o amor de Fedra por Hipolito, filho de um primeiro casamento do seu marido, o rei Teseu. Essa paixão desencadeia ciúmes, mentiras e por fim a morte.
Para o Corneille, na paixão a Razão e a moral podem e devem vencer. Sendo assim na tragédia Le Cid, Rodrigo mesmo dilacerado por seu amor por Ximena, deve se guiar pelo dever de matar o pai dela, para vingar a desonra que este infligiu a Diego (pai de Rodrigo).
Qual dessas personagens é mais real? Para responder esta questão temos que ter uma concepção de como se articula a afetividade e a Razão.
O DESENVOLVIMENTO DO JUÍZO MORAL NA CRIANÇA
Em 1932, Jean Piaget publicou “Le jugement moral chez l’enfant”, que viria a se tornar um clássico da literatura psicológica da moralidade humana e das interações sociais, nele não há questões absolutas, mas um conjunto de saberes que procuram dar cada vez mais significado a questão.
As regras do jogo
Toda moral consiste num sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o individuo adquire por estas regras (JM,p.2).
Piaget começa sua pesquisa baseando-se nessa definição, como campo de pesquisa ele escolhe o jogo de regras.
Para Piaget os jogos coletivos são paradigmáticos para moralidade humana por serem uma atividade que apesar de terem regras previamente estabelecidas pelas gerações anteriores, podem ser modificadas pelo grupo de jogadores, o que explica a posição de legislador de cada um deles. E apesar das regras existentes não tenham um caráter moral, o dever de respeita-las é moral, pois o seu descumprimento envolveria questões de honestidade e justiça. E as regras que foram estabelecidas são provenientes de um acordo mutuo de todos os jogadores presentes,