Jenifer
Historicamente, os problemas de interesse da população negra não são temas recorrentes no jornalismo brasileiro. O não reconhecimento das demandas específicas desta população, o uso freqüente de estereótipos, a ausência de imagens positivas e a pouca produção de notícias com foco na temática racial são alguns dos desafios que a imprensa brasileira precisa enfrentar.
As recentes transformações na sociedade – sobretudo, por conta da atuação reivindicatória dos movimentos sociais negros por políticas públicas para a promoção da igualdade de oportunidades e da equidade no acesso a direitos humanos –, tem estimulado mudanças em setores da mídia.
Temas como saúde da população negra, ações afirmativas, juventude negra, intolerância religiosa, entre outros, são objetos de pautas nas redações. A expectativa é que cada vez mais jornalistas tratem desses assuntos de forma qualificada.
Contudo, o racismo e o etnocentrismo ainda persistem como fatores responsáveis pela invisibilização de temas específicos sobre a população negra nos veículos de comunicação. Há setores que ainda fazem coberturas jornalísticas pouco consistentes sobre a temática negra, desfocadas da realidade e de forma sazonal.
Especialistas avaliam que a ausência de jornalistas negros/as nas redações acentua o problema. E reflete as desigualdades socioeconômicas no Brasil. O Censo 2000 do IBGE revelou que o jornalismo é uma das profissões com a menor proporção de negros no país: 15,4% contra 82,8% de brancos.
A reduzida presença de jornalistas negros/as nas redações indica uma estrutura ocupacional pouco plural e favorece a invisibilização das demandas da população negra bem como a visão estereotipada desses grupos.
Diversidade
Além da baixa representatividade no mercado de trabalho, os jornalistas negros também enfrentam o racismo nas redações.
Na década de 1990, o repórter Tim Lopes, ainda no Jornal do Brasil, afirmou “não existir um só repórter negro, mulato, moreno-claro ou cafuso