jeitinho
O tema central desse livro é encarado como ponto de partida, como porta de entrada para uma discussão mais ampla de nosso universo social, encaminhada através de uma leitura antropológica de nosso cotidiano que objetiva discernir quais os valores básicos e estruturantes de nossa sociedade e os tomados como paradigmáticos na construção de nossa identidade.
INTRODUÇÃO
Dentre todas as definições de que o Brasil tem sido alvo, especialmente chamam a atenção pela frequência e verticalidade de seu uso: “jeitinho brasileiro” e o “país do jeitinho”.
A autora, após experiências no exterior, descobriu que o não no caso do Brasil, não era o limite.
Ex: o não do guarda americano era definitivo, categórico e irrecorrível. O não do guarda brasileiro, poderia ser também talvez e, com algum “papo”, certamente sim.
Nossas descrições oficiais do Brasil e de nossa identidade são normalmente feitas dentro de um discurso político e econômico que apresenta uma realidade oficial unívoca, pois permitem uma descrição universalizante descolada das situações sociais concretas.
Se fizermos um balanço das múltiplas interpretações de que o brasil tem sido alvo, verificaremos que podem ser agrupadas em dois tipos: aquelas que procuraram e procuram explica-lo, exclusivamente, a partir de sua estrutura econômica, política, privilegiando os macroprocessos e aquelas que procuraram vê-lo a partir da compreensão de suas características culturais.
Ambos os tipos de interpretação sempre se relacionaram e ainda o fazem de forma excludente: o que privilegia é justamente o que exclui a outra.
O povo brasileiro e sua visão de mundo dificilmente são tratados como agentes atuantes na nossa formação social.
O interesse é cada vez mais o conjunto de instituição legítima, porém não legais, como o jeitinho, o “você sabe com quem está falando?”, o jogo do bicho etc. que não se circunscrevem a qualquer espaço definido da sociedade, não