jeitinho
Este por sua vez não se deixa envolver pelas características desumanas e apenas lucrativas impostas por uma sociedade voltada para o mercado, o mesmo é apontado como atrasado em sua visão familiar em todo o seu ciclo vivencial, tanto doméstico quanto profissional e também social.
O problema surge quando a cordialidade se manifesta na esfera pública. Isso porque o tipo cordial – uma herança portuguesa reforçada por traços das culturas negra e indígena – é individualista, avesso à hierarquia, arredio à disciplina, desobediente a regras sociais e afeito ao paternalismo e ao compadrio, ou seja, não se trata de um perfil adequado para a vida civilizada numa sociedade democrática.
A atitude se manifesta até na linguística, “com o nosso pendor acentuado para o emprego de diminutivos”. Se tal expressão já existisse, Buarque de Holanda certamente teria falado no “jeitinho brasileiro”, pela síntese involuntária que faz de suas ideias.
O Brasil é o país do “jeitinho.” Somos famosos mundialmente por “dar um jeitinho para tudo” e pela nossa malandragem. O potencial brasileiro para a improvisação e para a criatividade, características centrais do jeitinho, é ao mesmo tempo algo que podemos sentir orgulho e vergonha, pois ao mesmo tempo que o jeitinho se refere a uma habilidade refinada para a resolução criativa de problemas, também se refere à nossa capacidade engenhosa de agir corruptamente para obter benefícios pessoais de maneira criativa.
O jeitinho pode ser entendido como um tipo de ação visando obter benefício próprio ou a resolução de um problema prático, fazendo uso de criatividade, cordialidade, engano e outros processos