jeitinho brasileiro
O trabalho de campo consistiu em questionários e entrevistas com os mais diferentes segmentos faixas etárias da população. E foi utilizado, também, material proveniente de jornais, rádio, televisão, música popular, literatura etc.
Um dos aspectos interessantes em relação ao jeitinho é seu caráter “universal”. Para todos, grosso modo, o jeitinho é sempre uma forma “especial” de se resolver algum problema ou situação difícil ou proibida; ou uma solução criativa para alguma emergência, seja sob a forma de burla a alguma regra ou norma preestabelecida, seja sob a forma de conciliação, esperteza ou habilidade.
Não existe um elemento sequer que pudéssemos assinalar cuja presença configuraria uma que fosse definida por todos como jeito. Mas o jeito se distingue de outras categorias afins no universo social brasileiro como favor e corrupção, mesmo assim não se sabe nitidamente, onde termina um e começa o outro. Uma forma melhor de entender e distinguir essas categorias é pensá-las com um continuum que se estende de um pólo, caracterizado como positivo pela sociedade e na qual estaria a categoria favor, até um outro, visto como negativo, em que se encontraria a corrupção. No meio, o jeito que é visto tanto de uma perspectiva negativa como positiva.
O que caracteriza a passagem de uma categoria para outra é muito mais o contexto em que a situação ocorre e o tipo de relação existente entre as pessoas envolvidas do que, propriamente, uma natureza peculiar a cada uma. Quem recebe um favor fica “devedor de quem o fez” e se sente “obrigado” a retribuí-lo na primeira oportunidade. Quem dá e quem recebe o jeitinho estão sempre em situação iguais.
Relacionada também á distinção entre favor e jeito, está a idéia de que o favor não envolve a transgressão de alguma norma ou regra