Um populista de muito sucesso. É assim que eu defino o ex-presidente Jânio da Silva Quadros. No entanto, observo que o populismo janista sempre se diferenciou dos demais populismos: "Jânio sempre demonstrou o mais absoluto desprezo pelo partido. A fraqueza da organização partidária, em contraste com o carisma da personalidade do líder, é uma das características definidoras do populismo. Mas Jânio, neste aspecto, foi muito mais longe que outros grandes políticos do estilo populista. Getúlio, assim como Brizola, tem o seu nome ligado ao PTB; Adhemar, ao PSP; Prestes, ao PCB. O nome de Jânio não se liga a nenhum partido. Tomou-os como simples legenda eleitoral, abandonando-os sem nenhuma cerimônia tão logo chegava ao poder." Além disso, outro fator diferenciador do ex-presidente é que Jânio, em lugar da retórica distributivista, clientelista ou nacionalista, explorou a retórica "moralista", centrada na denúncia da corrupção e da "vagabundagem" dos funcionários públicos. Outro aspecto abordado é que, entre os líderes populistas, foi o mais inconsistente ideologicamente, aproximando-se dos comunistas e dos nacionalistas em algumas ocasiões e dos liberais da UDN em outras. "Em seu curto período presidencial, confundiu os adversários e os aliados com sua política e esquema de alianças, que ora parecia ser de direita, ora de esquerda. Nisto tudo, certamente, foi um mestre." Em minha opinião, Jânio pode ser classificado como um "populista autoritário". "Ele praticou uma forma perversa de democracia. Essa modalidade, desde a Grécia antiga, leva o nome de demagogia." A renúncia de Jânio foi uma espécie de chantagem com o Congresso, com os militares e com as forças políticas com quem ele estava em choque. "Jânio não acreditava que poderia deixar realmente o poder. Ele tinha esperança de que uma manifestação popular o levasse novamente ao cargo e que, deste modo, seria ainda mais fortalecido." No entanto, a população foi tomada de surpresa com o episódio e houve um clima de