Jango
João Goulart nasceu na Estância de Iguariaçá, no distrito (hoje município) de Itacurubi, em São Borja, Rio Grande do Sul, em 1º de março de 1919. Seus pais eram Vicente Rodrigues Goulart, um estancieiro e coronel da Guarda Nacional que havia lutado a favor de Borges de Medeiros na Revolução de 1923, e Vicentina Marques Goulart, uma dona-de-casa. A maioria das fontes indica que seu ano de nascimento é 1918. Isso acontece por causa de uma segunda certidão de nascimento que o pai do ex-presidente mandou fazer, acrescentando um ano na idade do filho para que ele pudesse ingressar na Faculdade de Direito de Porto Alegre.
O avô materno, Belchior Rodrigues Goulart, descendia de imigrantes açorianos que chegaram ao Rio Grande do Sul na segunda metade do século XVIII. No grupo dos primeiros açorianos a se estabelecer em solo gaúcho, mais especificamente no Rio Grande, em 1749, e no Porto de Viamão, em 1752, havia, pelo menos, três imigrantes que usavam o sobrenome de origem flamenga "Govaert". Esse nome provavelmente foi modificado para Goulart. Todavia, tanto os nomes Govaert ou Gouvaert, como Goulars, Goulard ou Goulart têm registro entre as famílias da Valônia e de Bruxelas, como duas famílias diferentes.2
Quando Jango nasceu, a Estância de Iguariaçá era um ponto isolado no interior do município de São Borja. A mãe Vicentina, não teve assistência médica no momento do parto. A única que a ajudou no trabalho de parto foi sua mãe Maria Tomás Vásquez Marques, que impediu a ocorrência de um infortúnio na família. De acordo com a irmã do ex-presidente, Iolanda, "minha avó foi quem conseguiu reanimar o Janguinho que, ao nascer, já parecia estar morrendo”. Como a maioria dos descendentes de açorianos, Maria Tomás era uma católica muito devota. Enquanto reanimava o neto, aquecendo-o junto ao corpo, ela rezava para São João Batista. Ela prometeu ao santo que, se o recém-nascido sobrevivesse, receberia seu nome e não