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A loja virou banco - Revista Exame

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24/09/2004 16:49

A loja virou banco
Por que cada vez mais cadeias de varejo estão se associando a instituições financeiras para vender produtos bancários às classes C e D
Alexa Salomão, da EXAME

A dona-de-casa vai pagar a mensalidade da geladeira e aproveita para abrir uma conta corrente na Casas Bahia. O marido vai até uma das Lojas Riachuelo e sai de lá com camisas novas e um seguro residencial. O filho mais velho casou recentemente e, ao entrar no Carrefour para as compras do mês, consegue empréstimo pessoal para montar o quarto do bebê que está para chegar. Cenas assim estão se tornando realidade no Brasil numa velocidade impressionante. Só em agosto e setembro foram anunciadas parcerias envolvendo nove dos maiores bancos e redes de varejo do país. O empresário Abilio Diniz, dono do grupo Pão de Açúcar, e o banqueiro Roberto Setubal, do Itaú, anunciaram a criação de uma financeira em comum. O Sonae formou outra com o Unibanco. A Casas
Bahia passou a abrigar quiosques do Banco Popular, subsidiária do Banco do Brasil para o público de baixa renda.
Lojas ganhando cara de banco são um fenômeno mundial. Na Inglaterra, os supermercados Tesco têm uma linha de produtos financeiros que inclui até seguro para animais domésticos. No Chile, a loja de departamentos Falabella é também um dos maiores emissores de cartões de crédito. A Elektra, do México, uma das enormes do varejo de eletrodomésticos e móveis na América Latina, é dona do Azteca, o "banco do trabalhador", uma potência financeira que funciona dentro de suas lojas. As associações entre varejo e bancos têm um alvo estratégico muito bem definido -- o público de baixa renda, uma camada da população que no Brasil reúne cerca de 40 milhões de pessoas que não possuem nenhum tipo de relacionamento bancário. "Os consumidores das classes A e B já têm conta em vários bancos, diversos cartões de crédito e os principais produtos financeiros", diz