diagramação
A Vida é Larga
Louise Bourgeois – Sublimando Sempre do Passado, a Infância
Em ARTE em 16/10/2011 às 16:02
(http://avidaelarga.files.wordpress.com/2011/09/3634bourgeois23.jpg)
Grande parte do que somos depende da qualidade do diálogo entre a delicadeza brutal dos episódios mais marcantes da nossa infância; e a perspectivação consciente que deles vamos fazendo ao longo da vida. Se muitas vezes é o silêncio estéril – fonte inesgotável de fraqueza e derrota – que impera nesta relação; é quando alimentamos e exigimos uma dinâmica profunda com o passado difícil que conseguimos avançar e crescer para além dele. É preciso mais do que coragem para ir navegando esse mar alto, contra o vento, uma permanente bolina arriscada em improviso vital. Ir assumindo a travessia com firmeza, construindo-se com ela, ir partilhando as importantes notas da viagem: eis o desafio maior. Raramente aceite, menos vezes superado.
Os Primeiros Anos, Paris
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Louise Bourgeois nasceu em 25 de Dezembro de 1911 em Paris. Cedo sentiu o que seriam os germes que alimentariam o trabalho de toda uma vida, longa e produtiva como poucas. A relação com um pai cínico e autoritário, a figura protectora, tutelar e de saúde frágil, sua mãe; e a relação do casal – em que seria tolerado um longo envolvimento que a tutora da família manteria com seu pai -, tudo contribuiu de forma marcante para a formação de um espírito introspectivo e inquieto, curioso e perturbado. “Alguns de nós somos tão obcecados pelo passado que morremos disso”, escreveria muitos anos mais tarde.
Cedo a pequena Louise foi iniciada por sua mãe na arte do restauro de tapeçarias antigas, o negócio da família, reparar artesanalmente o que o tempo e o uso haviam estragado. Aos quinze anos de idade, forçada pela urgência maternal de que a filha lhe sucedesse com a maior competência, abandonou a escola. Nesta altura já a jovem alimentava um hábito solitário que a acompanharia a vida inteira: manter um diário em