Jacira agosto
Jorge de Lima
Mulher proletária — única fábrica que o operário tem, (fabrica filhos) tu na tua superprodução de máquina humana forneces anjos para o Senhor Jesus, forneces braços para o senhor burguês.
Mulher proletária, o operário, teu proprietário há de ver, há de ver: a tua produção, a tua superprodução, ao contrário das máquinas burguesas salvar o teu proprietário.
(In: Poesia completa. 2.ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980. v.1)
Jorge de Lima é um poeta representativo da segunda geração modernista. Analise as proposições abaixo acerca dos recursos expressivos que constroem a imagem da “mulher proletária”.
I. As metáforas “fábrica” e “máquina humana” são, de certo modo, desveladas pela construção parentética “fabrica filhos”.
II. Os dois últimos versos na primeira estrofe constituem eufemismos das ideias de mortalidade e de trabalho infantil.
III. O trocadilho entre “prole” e “proletária” assinala a função social da mulher no contexto do poema.
IV. A gradação na segunda estrofe aponta para a submissão da mulher e para a salvação do homem operário.
V. Os últimos versos do poema sugerem que o trabalho da mulher pode levar sua família à ascensão social.
Estão corretas, apenas:
a) I, II e V
b) II, III e IV
c) I, II e III
d) II e V
e) I e IV TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 12 QUESTÕES:
Futebol de rua
Luís Fernando Veríssimo
Pelada é o futebol de campinho, de terreno baldio. (I) Mas existe um tipo de futebol ainda mais rudimentar do que a pelada. É o futebol de rua. Perto do futebol de rua qualquer pelada é luxo e qualquer terreno baldio é o Maracanã em jogo noturno. (II) Se você é homem, brasileiro e criado em cidade, sabe do que eu estou falando. (III) Futebol de rua é tão humilde que chama pelada de senhora. Não sei se alguém, algum dia, por farra ou nostalgia, botou num papel as regras do futebol de rua. Elas seriam mais ou menos assim:
DA BOLA – A bola pode ser