Italia
O Risorgimento italiano se apresenta, para Gramsci, como aspecto italiano de um desenvolvimento europeu mais geral, primeiro na época da Reforma, em seguida da Revolução Francesa e, por fim, do liberalismo. Como tal, seu arco cronológico se estende a todo o século XVIII, para captar desde o início “o processo de formação das condições e das relações internacionais que permitirão à Itália unir-se em nação e às forças internas nacionais desenvolverem-se e expandirem-se” com o mesmo fim. Além disso, ele deve ser percebido, no âmbito nacional, por um lado “como retomada de vida italiana, como formação de uma nova burguesia, como consciência crescente de problemas não só municipais e regionais mas nacionais, como sensibilidade a certas exigências ideais”; por outro lado, “como transformação da tradição cultural italiana”, seja segundo o movimento da cultura européia, seja segundo os impulsos para a formação de uma nova consciência histórica e a reconstrução e projeção no presente do passado italiano a partir de Roma.
Também para Gramsci, só a partir da Revolução Francesa, o Risorgimento, assim entendido, adquire efetiva concretude, porque é só a partir de então que ele não é mais apenas uma tendência geral da sociedade e da cultura italianas em sintonia com as tendências européias, mas se transforma em ação “consciente em grupos de cidadãos dispostos à luta e ao sacrifício”, tornando-se assim um impulso histórico efetivo que opera através de forças específicas e consistentes. E é justamente o discurso sobre a natureza e o comportamento destas forças no momento decisivo do Risorgimento, quando a unidade italiana é realizada, que constitui o objeto dominante das reflexões históricas de Gramsci.
Fascismo
Com o fim da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), a Itália foi ignorada nos tratados que selaram o conflito. O desgaste social e econômico mal recompensado mobilizou diferentes grupos políticos engajados na resolução dos