Irmãos Coen: quando duas mentes tornam-se uma
Filmes aparentemente tranquilos, talvez até chatos pela falta de personagens marcantes, revelam uma postura sem compromisso com a lógica. Isso é muito característico e marcante nas obras dos irmãos que produzem, escrevem, dirigem e editam, tudo, a quatro mãos. Como que se tornassem uma só mente. Uma mente genial.
Muito comum nos filmes dos diretores são rupturas poéticas, que desafiam a realidade, acontecimentos que se dão sem ao menos se ter uma explicação lógica. Sem compromisso algum com a trama. Como se fosse banal.
A ironia e o humor negro estão impregnados em seus filmes e, se o espectador não fizer um exercício de analise sociocultural, ele simplesmente não se dará conta. Como por exemplo, a caracterização bem estereotipada dos anos 30 do sul norte-americano com a influência dos blues e do country.
A violência também está muito presente em sua filmografia. Tanto em Fargo, como em Queime depois de ler, ela toma uma faceta diferente, mostrando a ignorância humana em crimes bizarros por sua desimportância na trama.
Uma das características de seus filmes é a fotografia. Mesmo alterando o seu crédito, a fotografia sempre é bem conceituada. Bem estilizada. O branco sem fim de Fargo se contrasta com o visual soturno de Onde os fracos não tem vez.
Paralelo a isso tudo, a postura de Joel e Ethan Coen nas entrevistas acompanham sua proposta. Irônicos, investindo de humor negro, com descompromisso e, até de certo modo, indiferença com a própria obra, revelam sua uma coerência que pode parecer até publicidade, não fosse tão natural.
Enfim, Os irmãos Coen trabalham tão bem juntos, em sintonia em tantas funções, que revelam ser uma só mente. E revelam isso em um pseudônimo: Roderick Jayne.