Iracema

“Iracema”, de José de Alencar, é uma obra de caráter alegórico a respeito do surgimento da nação brasileira, ou seja, por uma figura de linguagem, mais especificamente de uso retórico, que produz a virtualização do significado, cuja expressão transmite um ou mais sentidos que o da simples compreensão literal, é feita uma representação simbólica da formação do Estado nacional. Tal representação se dá através da história de uma índia tabajara, que nomeia o livro, e de um soldado português, Martim Soares Moreno. Originário de Marte, deus da guerra na mitologia romana, o nome do estrangeiro está associado à guerra, de modo a atrelar o próprio à cultura europeia e ao colonizador; em contrapartida, o nome da índia, uma virgem prometida ao deus Tupã, conhecedora do segredo da bebida sagrada dos Tabajara, é um anagrama de “América”, identificando-a com a natureza tupiniquim e, consequentemente, com a pureza e a beleza das matas, até então livres das mãos do homem branco. A filha do pajé Araquém e irmã de Caubi é forte e sedutora, mas submissa; simboliza o amor, força pela qual abdica da posição que possui diante de sua tribo e até mesmo afronta a profecia de seu pai, ao entregar-se a Martim e, no fim da narrativa, morrer em seus braços. Idealizada, Iracema é uma heroína trágica, que resulta do “projeto romântico” do autor de caracterizar um Brasil livre. Vale ressaltar que seus dotes físicos são, também, relacionados a elementos desta mesma natureza: lábios de mel, cabelos negros como as asas da graúna e longos como a palmeira, sorriso doce como o favo da jati, hálito perfumado como a baunilha, ágil como a ema etc; o narrador caracteriza a personagem a partir de aspectos naturais que lhe servem de modelo e comparação.
O tema central do livro, resultante da intenção romântica de Alencar, é a natrureza brasileira, atrelada ao fortalecimento da identidade nacional -com nacionalismo e nativismo em evidência-, que surge da capacidade de demonstrar uma cultura livre da