Inventário de MIM
Sabia que eu teria o mesmo nome que o de Cazuza? Não Cazuza de fato, já que é um apelido, Agenor é seu verdadeiro nome, Agenor alguma coisa Neto, o meu seria Agenor Bonifácio Neto. Vejo uma virilidade nesse nome, como se caso eu o recebesse ao nascer eu não iria crescer com minha feminilidade. Minha alma é feminina, não se acanhe, não quero dizer que sou ou que serei travesti, falo no sentido de ser amável, sensível e mais propenso à dor como uma mulher. Sinto-me assim desde de 2004, coincidentemente mesmo ano da morte de Hilda Hilst. Creio que ela reencarnou em mim, de alguma forma a tenho dentro de mim, ela é a minha parte feminina. Ah, o cigarro que você pediu, desculpa, toma, só fumo Marlboro, de preferência o Gold, Carlton só quando não o encontro, quer fogo? Deixe que eu o acenda pra você. E o seu nome, qual é mesmo? Desculpa, estamos aqui há menos de um minuto e parece que estou com descaso, não me leve a mal, é que eu acabei de fumar uma parada ali, maconha, e bateu forte. Ah, você curte um chá também, então entende, sabe do que estou falando. Também sou igual a você, tirando os cigarros filtrados, e as bebidas, essas chamadas drogas, só natural. Oi? Não, não sei qual é o meu ascendente, mal sei que meu signo é Touro, demorei anos para me concretizar disso, mas tenho uma curiosidade imensa de saber qual é o meu ascendente, fazer meu mapa astral, saber quais são meus Orixás e meus guias. Sou muito relapso e perdido em relação à crença, não sei no que, de fato, creio e não me importo com o que seja certo ou errado, entende no que quero dizer? Pra mim não existe certo ou errado. Eu tenho de descobrir algo que eu possa me agarrar mais intimamente nos meus momentos, digamos, mais difíceis. Um amor talvez? Fazer do meu amor minha religião. E em que você crê? Ateu logo de cara? Radical. Só tenho vinte anos e acabei de começar a descobrir o mundo, mas creio que não sejamos só matéria, há um amor maior, mas não sei se seria