Introdução á Psicanálise
O interesse por este trabalho deu-se pela busca de estabelecer um diálogo entre a filosofia e psicanálise, especialmente entre a filosofia de Descartes com a descoberta do inconsciente a partir de Freud. Ao mesmo tempo propicia ao leitor um panorama das bases do sujeito da filosofia cartesiana, ampliada com Lacan, os conceitos sobre esse sujeito a partir da vertente do inconsciente.
Desde o surgimento da psicanálise, sua relação com a filosofia nunca foi pacífica. Freud quis manter uma relação estrita entre sua descoberta com tudo aquilo que a circundava. Com Lacan essa relação ganha novos desafios, ao transformar essa tensão entre prática analítica e elaboração filosófica, em elementos constitutivos do discurso do sujeito.
Na primeira parte do trabalho, o racionalismo é apresentado tomando por base no Discurso do Método e as Meditações. Nessa parte da apresentação pode-se acompanhar a inauguração do racionalismo moderno e, com ele, o surgimento do sujeito da razão. O século de Descartes provocou profundas transformações na visão de mundo do homem ocidental. Descartes não separa a filosofia da ciência, mas busca fundamentar um novo tipo de conhecimento da totalidade do real. Na segunda parte tem-se a ideia da subversão do sujeito, em que o caminho a ser percorrido é de apresentar o descentramento do sujeito cartesiano. Tal descentramento da consciência nos leva a uma nova concepção, isto é, a do sujeito que surge com a psicanálise, o do inconsciente.
Na terceira parte apresenta-se a leitura de Lacan a partir dos escritos de Freud. Essa releitura não é um rompimento, algo excludente, mas uma complementação. Dentro desse panorama, a leitura filosoficamente advertida de Lacan serve para mostrar a força de um pensamento que soube crescer por meio de exploração sistemática de seus próprios impasses. Um pensamento desafiador que não temeu em inscrever a psicanálise na tradição do racionalismo moderno a fim de defender a irredutibilidade ontológica da