Introdução a psicanálise

12751 palavras 52 páginas
INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE

2012.2

(NASIO, J.D.)

A aceitação de processos psíquicos inconscientes, o reconhecimento da doutrina da resistência e do recalcamento e a consideração da sexualidade e do complexo de Édipo são os conteúdos principais da psicanálise e os fundamentos de sua teoria, e quem não estiver em condições de subscrever todos eles não deve figurar entre os psicanalistas.
(FREUD, S.)

Um século – e que século! – nos separa de Freud, desde o dia em que ele decidiu abrir seu consultório em Viena e redigir a primeira obra fundadora da psicanálise, A interpretação dos sonhos.
Um século é muito extenso; extenso para a história, para a ciência e para as técnicas. Muito extenso para a vida. E, no entanto, é muito pouco para nossa jovem ciência, a psicanálise. A psicanálise, admito, não progride à maneira dos avanços científicos e sociais. Ocupa-se de coisas simples, sumamente simples, que são também imensamente complexas. Ocupa-se do amor e do ódio, do desejo e da lei, dos sofrimentos e do prazer, de nossos atos de fala, nossos sonhos e nossas fantasias. A psicanálise ocupa-se das coisas simples e complexas, mas eternamente atuais. Ocupa-se delas não apenas por meio de um pensamento abstrato, de uma teoria, mas através da experiência humana de uma relação concreta entre dois parceiros, analista e analisando, mutuamente expostos à incidência de um no outro.
Porém um século, mais uma vez, é muita coisa. E, no decurso desses cem anos, os problemas abordados pela psicanálise foram amiúde designados e conceituados de diferentes formas. De fato, a experiência sempre singular de cada tratamento analítico obriga o psicanalista que nele se engaja a repensar, em cada situação, a teoria que justifica sua prática. Entretanto, o fio inalterável dos princípios fundamentais da psicanálise atravessa o século, ordena as singularidades do pensamento analítico e assegura o rigor que legitima o trabalho do psicanalista. Ora, qual é esse fio que garante tal

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