Introdução sobre Fernando Pessoa
Fernando Pessoa, ou melhor… Pessoas. São muitos os seres que habitam o corpo e a mente criadora de Fernando António Nogueira Pessoa (1888-1935), um dos maiores nomes da literatura em língua portuguesa no século 20.
Nascido em 13 de junho de 1888, sob o signo de Gêmeos – aliás, a Astrologia foi uma das paixões do poeta –, Pessoa personifica a duplicidade, o eu que se desdobra em outros e que escreve sob vários e diferentes estilos, vozes e nomes. Adotou os heterônimos Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Bernardo Soares (considerado um semi-heterônimo), além de Fernando Pessoa “ele mesmo”.
Um poeta que contém cinco grandes autores, cuja produção ultrapassou as fronteiras dos gêneros literários (poesia, dramaturgia, ficção e ensaio) e das línguas (português e inglês).
Para conhecer as particularidades desse autor de tantas faces, é preciso fingir acreditar na existência real de cada um de seus heterônimos, ter o leitor um quê do poeta que Pessoa define “um fingidor”. Pois só quando se esquece da mão de Pessoa guiando as letras de Caeiro ou de qualquer outro de seus heterônimos, o leitor poderá, talvez, desfrutar um pouco da experiência de extrapolação do eu, vivida e proposta por ele:
Sentir tudo de todas as maneiras
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.
Heteronímia em Fernando Pessoa: o poeta brincando de Deus
Nas antigas tradições orientais, os poetas eram considerados semideuses, dotados da capacidade de revelar nobres verdades e de criar universos de linguagem. Fernando Pessoa, à moda moderna e ocidental, chegou bem perto dessa criação poética divina por meio da heteronímia, uma forma de criar não só poesia, mas também personalidades poéticas independentes e completas.
Os heterônimos criados por Pessoa possuem suas próprias biografias e