Introdução aids
Aids
A história da epidemia da AIDS no Brasil começa em 1982, num momento político marcado pelo inicio do processo nacional de redemocratização, após quase vinte anos de ditadura militar. Ao longo da década de 80, ocorre no país uma das mais importantes transições no campo das políticas sociais, cujo ápice se dá, na Assembléia Nacional Constituinte de 1988, com a afirmação do direito à saúde como direito fundamental da pessoa humana, cabendo ao Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício (MS, 1999). Consoante com esta diretriz, a Lei 8.080/90 (Brasil, 1990) cria o Sistema Único de Saúde (SUS), organizado sob os princípios do atendimento integral, universal e participativo, possibilitando a organização da sociedade civil e a problematização de temáticas relacionadas à saúde. Assim, a dinâmica das ONG/ AIDS, guardada a especificidade temática de incluir questões referentes à doença e à sexualidade, se insere na dinâmica de potencialização dos movimentos sociais, os quais, naquela ocasião, atuavam de forma, predominantemente, contraposta ao Estado (Silva, 1998). No mesmo período, a epidemia progredia rapidamente. Com apenas dez casos notificados ao MS até 1982 atingiu o patamar dos 5.613 no final de 1989. Deste total, a proporção de óbitos registrada pelo MS foi da ordem de 67, 6%, o que demonstra a gravidade da evolução clínica da doença (MS, 1998a). Bastos et al. (1994:30) descreveram o clima reinante na comunidade de soropositivos nessa ocasião: "Os números revelam ainda sofrimento: dor física, perda de capacidades, ansiedade perante a escassez de tratamentos, sua inacessibilidade, carestia; os estigmas associados à doença, o abandono por parte de antigos amigos e familiares, preconceitos de alguns profissionais de saúde, nos locais de trabalho, nas escolas; isolamento, solidão, não-comunicação; ansiedade perante o futuro, enfrentamento do veredicto de fatalidade inevitável, sensação de