Intertextualidade
Gleica Brandieri
Talita Leite Mantovani
Marcela Coppola Chrispiniano Hilário1
Orientadora: Profª Ms. Maria Madalena Borges Gutierre2
Resumo: O principal objetivo deste artigo é discutir as relações intertextuais e interdiscursivas presentes na versão da fábula A raposa e as uvas de Millôr Fernandes e no diálogo que estabelece com o texto original de Esopo. Buscamos analisar como se manifesta o confronto discursivo entre o tom crítico e o tom moralizante em cada uma das versões, bem como as transformações da linguagem e do gênero, em vista desse confronto. Nossas discussões sustentam-se nas reflexões de Mikhail Bakhtin sobre dialogismo e gêneros discursivos, tal como são estudadas por Fiorin (ano) e Discini (ano). Apoiamo-nos também na abordagem de Sant’Anna (ano) sobre a paródia como manifestação do diálogo entre textos e discursos.
Palavras-chave: fábula; intertextualidade; interdiscursividade; paródia; estilo.
Introdução A fábula existe desde que o homem se expressou por meio da fala, possivelmente nasceu na Ásia Menor e a partir daí passou pelas ilhas gregas, chegando ao continente helênico. Apesar de existirem registros hindus egípcios, a criação fica atribuída à Grécia, e passa a ser, então, considerada, um tipo de criatividade na teoria literária. A lição de moral das fábulas era de extrema importância, a ponto de os copistas da Idade Média escrevê-las em letras douradas ou vermelhas, enquanto outros textos eram escritos em preto.
Umberto Eco (2004, p. 85) define a fábula como: o esquema fundamental da narração, a lógica das ações e as sintaxes das personagens, o curso de eventos ordenado temporalmente. Pode também não constituir uma sequência de ações humanas e pode se referir a uma série de eventos que dizem respeito a objetos inanimados, ou também a ideias.
Diante da definição de Umberto Eco, podemos citar aqui algumas características do gênero em questão, que são: narração curta, porém com início, meio e fim,