Interpretação Musica Geni

728 palavras 3 páginas
Geni-Chico Buarque A música "Geni e o Zepelim" assim como tantas outras na época, podiam trazer inúmeras interpretações, era uma especialidade do Chico fazer canções de protesto com o cuidado de escapar da censura imposta pela Ditadura. A letra da música, deixa pequenas insinuações sobre o gênero da Geni, mas no contexto da obra "Ópera do Malandro" onde a personagem Geni é uma travesti, que na época da primeira montagem foi interpretada pelo ator Emiliano Queiroz, nos remete de volta a letra para checar as evidencias deixadas. O texto a seguir, de Luciane de Paula, veio do site GET - Grupo de Estudos do Tempo Presente, e é impressionante a sua análise.

Para tratar do gênero de Geni, precisamos considerar a obra em que a canção se encontra, pois, na Ópera do Malandro, Geni é uma travesti que, como outras mulheres, vive de prestar seus serviços sexuais num bordel barato, freqüentado por “tudo que é nego torto / Do mangue e do cais do porto”: “O seu corpo é dos errantes / Dos cegos, dos retirantes / É de quem não tem mais nada”. Além disso, ela não pertence como objeto ao bordel onde trabalha e frequenta. Ela é dona de seu próprio nariz e vive e faz de seu corpo o que quer, com quem e como quer. Afinal, na descrição que segue sua apresentação, na primeira estrofe da canção: “Dá-se assim desde menina / Na garagem, na cantina / Atrás do tanque, no mato / É a rainha dos detentos / Das loucas, dos lazarentos / Dos moleques do internato / E também vai amiúde / Com os velhinhos sem saúde / E as viúvas sem porvir”. Não há, pela descrição feita, preconceito com gênero e faixa etária, mas há uma escolha implícita: ela se identifica e se relaciona com os excluídos sociais, por ser um deles. Tanto é que, ao ser escolhida pelo comandante, a primeira reação é dizer não porque “prefere amar com os bichos”. Em sua apresentação, o narrador revela o “segredo” (“e isso era segredo dela”) de Geni: “também tinha seus caprichos” – o

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