Chico Buarque - Vida 1980
"Vida", traz as personagens de Chico Buarque direto dos palcos de teatro, das telas de cinema, para o universo da Música Popular Brasileira. A proposta iniciada com o disco "Meus Caros Amigos", em 1976, adquire maior teor existencialista neste álbum, onde a imagem e a melodia travam uma instigante cumplicidade, revelando a maturidade de um compositor em busca da sua perfeição interior e do perfeccionismo estético. Cada faixa descortina um mundo contemporâneo, em que a tragédia das crônicas jornalísticas e o delírio do amor vivido ao extremo da paixão, caminham paralelamente em "Mar e Lua" e "Eu Te Amo"; a paisagem pitoresca de uma Angola incipiente e de um Brasil desnudado muito além dos centros urbanos, alinhavam uma estética poética humana em "Morena de Angola" e "Bye Bye Brasil".
Personagens humanas, dramáticas, femininas e masculinas, intimistas e de extremos, são diluídas em melodias perfeitas e canções definitivas, que faz de "Vida" um dos álbuns mais belos e existencialistas de Chico Buarque. Com ele era enterrada para sempre a fase do autor proibido e censurado, agora livre para exalar as emoções poéticas, em uma nova forma de protesto, o do eu e do existir.
Produzido por Sérgio de Carvalho, "Vida" foi lançado no fim de 1980. O disco revela um momento de transição entre a abertura política e o fim gradual da censura política e moral. Como se ainda tateasse nos novos tempos, a mensagem das canções faz a ruptura com as limitações moralistas, passando levemente pelo protesto político, expondo o íntimo dos sentimentos, levados à exaustão das paixões, das incertezas dos atos de amor. A capa branca, trazia no centro o retrato de Chico Buarque, desenhado por Elifas Andreato, dando-lhe um ar penetrante, quase a saltar. Feito nos moldes do vinil, trazia doze faixas distribuídas em dois lados. Trazia arranjos luxuosos de Francis Hime em dez faixas; de Tom Jobim e Roberto Menescal em duas