INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS FREUD
LEONARDO DELLA PASQUA
Psicólogo, psicanalista com formação no Spazio Psicoanalitico di Roma, diretor da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul, sócio-fundador do Laboratorio
Psicoanalitico di Roma.
Introdução
Este material foi produzido para os participantes do curso “Introdução a
Interpretação dos Sonhos”. Neste texto utilizo somente o livro “A interpretação dos Sonhos” como referencial, apresentando os conceitos capítulo por capítulo, procurando acompanhar o desenvolvimento das idéias freudianas contidas no texto. O livro começa com uma citação do Clássico “Eneida”, de Virgílio, que fala das aventuras de Eneas, troiano fugido da guerra de Tróia:
Flectere si nequeo superos, Acheronta Movebo – Virgílio, Eneida, livro II
(Se não puder dobrar os deuses de cima, comoverei o Aqueronte)
Aqueronte, para quem não sabe, é um dos principais rios do reino de
Hades, a terra dos mortos para o povo grego. A frase nos apresenta o que irá surgir no texto: um mergulho nas profundezas da mente humana, com o objetivo de clarear os fenômenos que fazem parte dos sonhos e do funcionamento mental.
Acompanhemos agora a construção do pensamento freudiano sobre os sonhos e suas hipóteses em relação ao aparelho psíquico, características da sua
1ª tópica:
A literatura científica que trata dos problemas dos sonhos
No 1° capítulo da Interpretação dos Sonhos, para dar importância à novidade da sua teoria onírica, Freud discute minuciosamente as teorias sobre os sonhos dos estudiosos que o precederam e percorre conosco todos os problemas e enigmas do sonho, com base na literatura científica da época.
Sobre o problema da relação entre sonhos e vigília, os autores tinham opiniões diversas: alguns sustentavam a idéia que os sonhos eram completamente “destacados” da consciência; outros pensavam que fosse ligado a ela por uma continua co-penetração e dependência recíproca.
Atividades especiais eram atribuídas à memória onírica,