Internetês
A Língua Portuguesa mudou através dos séculos. E continua mudando. A forma de tratamento "Vossa Mercê" sofreu mudanças lingüísticas até a forma "você", que continuou mudando até a pronúncia "cê vai?" e a atual escrita dos usuários da internet: "vc".
Uso de abreviação na fala e na escrita não é novidade. Neologismo também não. A todo momento surgem grupos que criam seu próprio vocabulário, com palavras que às vezes se tornam gírias, como muitas expressões faladas pelos surfistas e outras "galeras", "tá ligado?". Alguns diálogos são até inacessíveis a pessoas que não fazem parte de alguma "tribo".
Os usuários da internet utilizam uma linguagem própria nas salas de bate-papo. Encurtaram palavras, retiraram acentos, pontuações e criaram mais um fenômeno de variação lingüística, o internetês, uma espécie de dialeto do mundo digital com palavras e abreviaturas que são verdadeiros códigos entre internautas .
Em um canal de TV por assinatura há uma sessão chamada "Cyber Movie", que exibe semanalmente filmes com legendas em internetês. Em alguns segundos é possível ler palavras como naum (não), kra (cara), fazendu (fazendo), estaum (estão) e D+ (demais), o que pode deixar confusa uma pessoa que não faça parte do contexto das conversas instantâneas.
É possível aprender estenografia, um tipo de escrita simplificada que aproveita melhor o tempo e o espaço, assim como o objetivo do internetês. Será que no futuro próximo haverá curso de internetês para ver os filmes ou entender o que os alunos escrevem? Aceito o dinamismo da língua, mas torço para que os cinemas não tenham a mesma idéia da TV por assinatura.
Acatar todas as grafias e falas "alternativas" e propagá-las na mídia é um exagero. Em Lingüística, aprendemos noções de variedade lingüística. E também de adequação. É preconceito lingüístico classificar os socioletos em certo e errado, de acordo com a norma padrão da língua, mas devemos ficar atentos com a adequação no uso da língua.
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