Inquisição
A Inquisição no Brasil começou em 1591 com a primeira visitação do Tribunal de segunda metade do século XVI, o Brasil recebeu muitos cristãos-novos encolvidos com a nascente econômica açucareira. Eles viveram em paz durante décadas. Muitos continuaram a professar o judaísmo nas sinagogas domésticas, além de se unirem, pelo matrimônio, com os cristãos-velhos. A ameaça de índios na terra e de piratas no mar funcionava como força de coesão.
No Cotidiano, parte da população colonial resistia ou escapava a obrigação de seguir a religião católica, praticando outras formas de religiosidade, nascidas do sincretismo de crenças e ritos provenientes de tradições culturais indígenas, africanas e europeias. Catimbós, calundus, candomblé, umbanda, benzimentos e simpatias são exemplos dessas manifestações religiosas que, mesmo condenadas pela Igreja, era praticadas na vida privada por diversos grupos sociais.
Inácio de Souza Brandão acusou Cristóvão Ribeiro de Lira de “algumas heresias”. Lira respondeu dizendo que “todos os hereges se salvavam, que ninguém se perdia porque Cristo Senhor Nosso morrera por todos os homens”. O argumento de Lira assegurava a possibilidade de se encontrar salvação na lei de Moisés ou na de Maomé. Inácio, além de vigário da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, também era o comissário do Santo Ofício na Bahia, no fim do século XVII.
A ideia de “universalismo religioso” contida nas palavras desse homem era defendida tanto por cristãos-novos como por cristãos-velhos. No caso de Lira, não há qualquer indício de que ele tivesse nas veias “sangue infecto”, o que poderia indicar sua condição de cristão-velho. É natural que pessoas como ele forjassem sua concepção de mundo baseando-se em experiências pessoais. Grande parte do que diziam continha mensagens de esperança ao alcance de muitos outros, o que de fato era motivo de preocupação para a Inquisição.
O segredo exigido dos presos é ponto fundamental nesta discussão. Os réus deviam