Inquisição no Brasil
O termo Inquisição refere-se a várias instituições dedicadas à supressão da heresia no seio da Igreja Católica. A Inquisição foi criada inicialmente para combater o sincretismo entre alguns grupos religiosos, que praticavam a adoração de plantas e animais e utilizavam mancias. No século XIX, os tribunais da Inquisição foram suprimidos pelos estados europeus, mas foram mantidos pelo Estado Pontifício. Em 1908, sob o Papa Pio X, a instituição foi renomeada "Sacra Congregação do Santo Ofício". Em 1965, por ocasião do Concílio Vaticano II, durante o pontificado de Paulo VI e em clima de grandes transformações na Igreja após o papado de João XXIII, assumiu seu nome atual - "Congregação para a doutrina da Fé".
No Brasil, a expansão do catolicismo foi marcada pela ação dos jesuítas junto às populações nativas. Contudo, não podemos deixar de levar em conta que, sendo lugar de encontro de várias culturas, o território brasileiro se tornou próprio para a prática de rituais e outras manifestações que iam contra os preceitos católicos. Muitas vezes, recorrendo aos saberes dos indígenas ou dos escravos africanos, os professos católicos se desviavam de seus dogmas. Em vários documentos de época, possuímos o registro de algumas situações onde homens e mulheres apelavam para os saberes místicos de alguns feiticeiros. Geralmente, essa opção era ativada quando os remédios e ações litúrgicas cristãs não surtiam o esperado efeito em alguém que sofria com alguma enfermidade física ou emocional. Muitas vezes, até mesmo alguns padres eram denunciados aos seus superiores por recomendar a ação desse tipo de prática religiosa.
Para frear esse costume, os dirigentes da Igreja fizeram o requerimento das chamadas visitações do Tribunal do Santo Oficio. Essa instituição, criada nos fins da Idade Média, tinha por função combater qualquer tipo de manifestação que representasse uma ameaça contra a hegemonia dogmática católica. Em 1591, o clérigo Heitor Furtado