Informações sobre o livro o cortiço

Dossiê O cortiço, de Aluísio Azevedo 1. Importância da obra Quando conhecemos melhor a vida do escritor Aluísio Azevedo (1857-1913) alguns fatos chamam a atenção. Um ponto é que o romancista se tornou muito cedo o que hoje chamamos “escritor profissional”: começou a escrever muito jovem, fez sucesso e logo passou a viver dessa atividade (“ganhar o pão com a pena”). O segundo ponto é que durante sua vida literária, Aluísio Azevedo alternou romances considerados sérios, de alta qualidade (O mulato, Casa de pensão e O cortiço), com outros considerados meros folhetins (histórias melodramáticas para agradar o público, como Girândola de amores e A mortalha de Alzira). Outro ponto interessante é que, em determinado momento de sua vida, o escritor prestou concurso público, tornou-se diplomata e... parou de escrever. O romance O mulato, lançado em 1881, estabeleceu um marco divisório na literatura brasileira, ao romper com o paradigma romântico e inaugurar o Naturalismo. Em Casa de pensão, de 1884, o autor avançou mais um passo em direção a uma estética ainda mais objetiva e equilibrada. O cortiço, no entanto, que surgiu em 1890, é considerado uma obra primorosa, inteiramente criada de acordo com a concepção naturalista. E o que é o Naturalismo? É uma estética desenvolvida sob influência do romancista francês Émile Zola, que considera ser função do escritor agir como um cientista, revelando ao público o mecanismo dos fenômenos humanos. O escritor deve descobrir como vivem os homens e como é a sociedade. Deve limitar-se ao “como”, não se atrevendo a ir aos “porquês”. Além disso, o romancista precisa expressar-se com lógica e clareza, mas também com personalidade. O cortiço é um romance que se destaca na extensa obra de Aluísio Azevedo e resiste ao tempo. Vários críticos defendem a ideia de que o verdadeiro protagonista do livro é o próprio cortiço, que parece ter vida própria. Tem-se destacado também o grande talento do autor ao criar cenas de agrupamentos humanos. Aluísio