Infancia Roubada
O ambiente urbano, o lado sujo da metrópole, o choque de classes, o rap da trilha sonora... Tudo no início de Infância Roubada (Tsotsi, 2005) leva a crer que aquela história ambientada na periferia de Johannesburgo, na África do Sul, poderia se passar em qualquer lugar no mundo - pelo menos em qualquer lugar onde o caos e a violência se tornaram hábito.
Seria um alívio, diante de tantos outros vencedores do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro que exportam exotismo para gringo ver, assistir a uma trama universal. A fórmula de Tsotsi, porém, é mais ardilosa: cutucar no resto do Ocidente o sentimento de culpa pelo abandono da África. E deve ter sido por isso que o diretor Gavin Hood levou o careca dourado da categoria em 2006.
Tsotsi é o apelido de um jovem (Presley Chweneyagae) revoltado com a vida. Foi a sua infância que o determinismo social levou. Hoje Tsotsi lidera um quarteto que faz assaltos no metrô e bebe desocupadamente na favela. Um dia, porém, ao fugir de uma briga de bar, ele vai parar na vizinhança endinheirada da cidade. Tenta roubar um carro e acaba atirando na motorista. No banco de trás há um bebê, que no meio do desespero Tsotsi acaba levando consigo.
Com 20 minutos de filme não precisa ser um gênio para saber como ele vai terminar. Previsibilidade, além das lições de moral, é outro quesito que vale pontos numa premiação que nivela por baixo como o Oscar. Evidente que Tsotsi