Indústria Cultural
Talvez possamos falar em indústria cultural com segurança a partir do século XVIII. O fato marcante foi à multiplicação dos jornais na Europa. Se até a Idade Média a leitura e a escrita eram privilégios do clero e de parte da nobreza, isso se modificou no capitalismo. As características básicas do novo modelo socioeconômico que se impunha eram a urbanização, a industrialização e, principalmente, a criação e a ampliação do mercado consumidor. As cidades passam a serem polos de importância social, econômica e cultural. A população vai abandonando o campo rumo à cidade e ao trabalho nas fábricas. A mecanização barateia os produtos e, consequentemente, aumenta o mercado consumidor. A burguesia comercial e industrial se estabelece como classe hegemônica, e as classes médias crescem. Esse novo público será conquistado pelo mercado em geral e, também, pelo mercado de bens culturais. É nesse sentido que os jornais assumem grande importância. Paralelamente ao barateamento do papel, há uma elevação no número de leitores, uma tendência que se impõe. Os jornais divulgam notícias, crônicas políticas e os chamados folhetins (precursores do romance, inclusive, das novelas de televisão atuais). As estórias que os jornais publicam no rodapé de suas páginas vêm em capítulos, obrigando o leitor a comprar o próximo exemplar para saber a continuação da trama. O sociólogo inglês Stuart Hall afirma que não se pode pensar em cultura erudita ou em cultura popular sem antes considerar a existência da indústria cultural. O jornal do século XVIII certamente já interferia na produção e divulgação das ideias, bem como no predomínio de umas, e não e outras. Além disso, se lembrarmos o quanto a sociedade estava mudando nesse período, poderemos compreender a atitude dos primeiros folcloristas ou colecionadores, que queriam coletar e preservar as velhas canções populares, ao perceberem que a nova sociedade dava cada vez menos espaço para essas manifestações culturais.