Indisciplina
Sheila Cristina de Almeida e Silva Machado
Primeiro dia de aula. Professor novo. Turma pouco afeita ao estudo. No caminho para seus novos afazeres os corredores da escola não parecem nada animadores para o recém-chegado professor. Na sala de aula todos os alunos estão de pé, circulando despreocupadamente, sem qualquer tipo de compromisso com o trabalho que está apenas começando.
Querem falar de outros assuntos, mais próprios e interessantes em sua opinião para pessoas que, como eles, estão em idade para freqüentar o Ensino Médio. Matemática não lhes parece parte integrante dos conhecimentos que necessitam para sobreviver na selva que percebem em seus cotidianos. Jaime, seu novo professor, mal consegue se apresentar, pois é interrompido com menos de 10 minutos em sala de aula pelo acionamento do sinal que faz com que todos os alunos saiam rapidamente da classe.
É apenas mais uma entre várias “brincadeiras” promovidas pelos alunos para interromper o trabalho que está sendo desenvolvido. Numa outra aula, quando as primeiras páginas do livro estavam sendo abertas no capítulo sobre frações e porcentagens, surgem dois novos alunos, atrasados, que trazem consigo justificativas que lhes permitem permanecer na aula.
Nenhum dos dois tem os materiais apropriados e ainda desrespeitam o professor com gestos obscenos. Ao ser interpelado pelo professor no final da aula um dos estudantes diz que não tem qualquer interesse pelo que está sendo ensinado e, além disso, ameaça o professor.
Para desestabilizar ainda mais as aulas de matemática, os jovens amotinados passam a assistir a aula tendo a seu lado outras pessoas que, como eles, não estão dispostos a estudar e que, da mesma forma como os primeiros, querem ameaçar e boicotar os esforços de Jaime. Para piorar ainda mais a situação, entre os outros membros do corpo docente a descrença na capacidade dos estudantes também se faz notar.
Nas reuniões pedagógicas ou mesmo nos intervalos (na sala dos