indigina formação da familia brasileira
Gilberto Freyre
Com a intrusão européia desorganiza-se entre os indígenas da América a vida social e econômica; desfaz-se o equilíbrio nas relações do homem com o meio físico. Principia a degradação da raça atrasada ao contato da adiantada; mas essa degradação segue ritmos diversos. Os espanhóis apressam entre os Incas, Astecas e Maias a dissolução dos valores nativos na fúria de destruírem uma cultura já na fase de semicivilização; já na segunda muda; e que por isso mesmo lhes pareceu perigosa ao Cristianismo e desfavorável à fácil exploração das grandes riquezas minerais. Os portugueses, além de menos ardentes na ortodoxia que os espanhóis e menos estritos que os ingleses nos preconceitos de cor e de moral cristã, vieram defrontar-se na América, não com nenhum povo articulado em império - com palácios, sacrifícios humanos aos deuses, monumentos, pontes, obras de irrigação e de exploração de minas - mas, ao contrário, com uma das populações mais rasteiras do continente. Dos valores morais e materiais acumulados pelos Incas ou pelos Astecas e Maias resultaria uma indepressão de bronze ao contato europeu; o que levou os espanhóis a despedaçarem esse bronze nativo que tão duramente lhes resistiu ao domínio para entre os estilhaços estabelecerem mais a cômodo o seu sistema colonial de exploração e de cristianização. Mas entre os indígenas das terras de pau-de-tinta outras foram as condições de resistência ao europeu: resistência não mineral mas vegetal. A reação do domínio europeu, na área de cultura ameríndia invadida pelos portugueses. Ruediger Bilden traça de modo sugestivo as diferentes condições de amalgamento de raça e de cultura que, ao seu ver, dividiram em quatro grandes grupos . O primeiro grupo seria o formado pelas repúblicas brancas ou brancaranas do Prata e pelo Chile. Nestas regiões, observa Ruediger Bilden, "o clima e as condições físicas em geral