Independência de Angola
Neste excelente livro o autor, relata minuciosamente o que se passou com a descolonização de Angola. Sugerimos vivamente a sua leitura a todos aqueles que estão interessados em saber a verdade sobre a descolonização e guerra em Angola. Como o livro tem copyright e não será fácil de adquirir àqueles que vivem em Angola, solicitamos a complacência da Editora e do Autor. Obrigado.
Pag.385 - Em princípios de Outubro, o Almirante Leonel Cardoso escrevia uma carta ao Presidente da República em que lhe expunha as suas preocupações relativamente à situação geral de Angola e pedia instruções sobre o modo como iria decorrer a transferência da soberania para o novo Estado. A resposta tardou, sendo recebida da parte do Ministro Victor Crespo, a 10 de Outubro, em termos assaz indefinidos e pouco esclarecedores.
Entrementes, raro era o dia em que o Alto-Comissário não promovia trocas de impressões, nas quais eu participava com frequência, para se tentar deslindar o quadro político-militar envolvente, até onde o conhecíamos, e, em paralelo, lucubrar sobre os possíveis cenários que rodeariam a data da independência.
O Almirante Leonel Cardoso mantinha, apesar de tudo, a esperança numa qualquer reviravolta nas posições assumidas e divulgadas pelas direcções políticas do MPLA e da UNITA, que desse alguma esperança, no futuro imediato, ao povo angolano e contribuísse para viabilizar, sem grandes sobressaltos, a transferência de poderes.
A minha postura era assaz diferente, baseada naquilo que entendia ser a visão realista e não pessimista do estado das coisas, suportada em todo um rol de expectativas goradas, de sucessivos arranjos tentados e nunca conseguidos pela parte portuguesa, desde o Acordo do Alvor, tudo, no presente, reforçado por uma sorte de "adrenalina política" que empolgava as cúpulas do MPLA e da FNLA na mira da conquista do poder.
Acrescia, ainda, parecer-me difícil, senão impossível, fazer reverter a dinâmica de guerra entre os três