Independencias
1. Antecedentes: a América Espanhola em 1760-1810
A ascensão da dinastia Bourbon na Espanha, em 1700 (rei Felipe V, 1700-1746) coincidiu com a aceleração do declínio do poder espanhol na Europa, iniciado na segunda metade do século XVII. Entretanto, apesar de ser uma potência decadente no século XVIII, a Espanha continuava possuindo o maior e mais valioso império colonial da América – as Índias Ocidentais Espanholas, com uma área de aproximadamente 13 milhões de km2 e cerca de 12 milhões de habitantes em 1760. O império era um conjunto diversificado de colônias de exploração, voltadas para a exportação de metais preciosos e gêneros tropicais produzidos pelo trabalho compulsório (principalmente de índios) e submetidas a regulamentos mercantilistas. Contudo, em meados do século XVIII, a metrópole tinha reduzido o controle sobre seus territórios no Novo Mundo, abrindo espaço para a ascensão das elites coloniais.
1.1 Características gerais da América espanhola
As principais colônias e suas riquezas. A colônia mais rica e populosa era o Vice-Reino da Nova Espanha (México e sudoeste dos EUA), com cerca de 5 milhões de habitantes, seguida do Vice-Reino do Peru, com 1,5 milhões de pessoas (1760). Ambas eram as maiores produtoras de prata, a principal riqueza do império espanhol. Contudo, a partir da década de 1730, as áreas periféricas (região do Prata, Venezuela, Colômbia) adquiriram maior importância com a diversidade das atividades econômicas (agricultura de exportação, pecuária, manufaturas têxteis) e o desenvolvimento de novos centros urbanos e rotas comerciais, inclusive no abastecimento do mercado colonial.
A população colonial. Na maior parte das colônias, a maioria da população era formada por índios semi-livres (em geral camponeses), os principais trabalhadores das haciendas (fazendas) e minas. A escravidão negra não predominou no conjunto do império hispano-americano (ao contrário do Brasil), mas foi