INCOMPATIBILIDADE DISTRIBUTIVA E DESENVOLVIMENTO AUTO-SUSTENTADO.
E DESENVOLVIMENTO AUTO-SUSTENTADO.
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Introdução
A partir desse tema iremos estudar o problema que Brasil tem em completar as reformas institucionais orientadas para o mercado para que esse em seguida se encarregue do desenvolvimento. Por outro lado a solução está em retornar às políticas ativas de intervenção do Estado na economia para, por meio da política industrial, alcançar o desenvolvimento. Se consideremos insatisfatórios os dois saberes convencionais que se enfrentam na arena política brasileira - o primeiro, claramente representando a visão de direita das classes dirigentes brasileiras e das agências internacionais; e, o segundo, representando a visão da oposição burocrática da esquerda tradicional. Então procuramos responder por que nenhuma das duas abordagens leva ao resultado desejado? E qual é a alternativa?
O Brasil, embora seja hoje uma economia plenamente capitalista, ainda não alcançou o estágio de desenvolvimento auto-sustentado porque ainda não recuperou a estabilidade macroeconômica, que começou a ser perdida a partir de meados dos anos 1970, e tampouco alcançou um nível de governança democrática que torne esse desenvolvimento razoavelmente independente do desempenho dos governantes. Não alcançamos estabilidade macroeconômica porque um problema central da sociedade brasileira – a incompatibilidade distributiva originada do descompasso entre o aumento da produtividade e a remuneração do trabalho agravou-se em vez de encaminhar-se para uma solução. Essa questão não tem sido adequadamente tratada nem pelo saber convencional dominante nem pelo dominado: o primeiro não o faz porque subestima o problema distributivo; o segundo, porque oferece soluções irrealistas para ele; e ambos porque não apresentam uma política consistente de fortalecimento do Estado e do mercado, mas antes se deixam levar por soluções populistas ou neopopulistas, ao mesmo tempo em que insistem em ver na relação