Imigração
Falar com os novos migrantes que moram no Rio Grande do Sul também é colher testemunhos de um sofrimento. Quase todos penaram no caminho até o Brasil, sobretudo os que ingressaram pelo Acre, na fronteira com o Peru. Na viagem ao Brasil, os haitianos pagam entre US$ 2 mil e US$ 5 mil. E são vítimas freqüentes de extorsões praticadas por policiais e taxistas, sobretudo peruanos e bolivianos.
E não só haitianos em torno de 16 diferentes nacionalidades já passaram pelo acampamento montado pelas autoridades acreanas na fronteira com o Peru. A vigorosa migração de africanos para o Brasil tem rendido lucros a dois tipos de empresas: as que se especializam em legalizar a situação dos imigrantes e as que prometem colocá-los no mercado de trabalho. O primeiro serviço é o mais urgente. O segundo é necessário para viabilizar financeiramente a permanência do estrangeiro no país. Esse tipo de intermediação é permitido pela lei aqui no Brasil levando em conta que eles podem ganhar até seis vezes mais do que no seu país de origem. O território gaúcho é um dos principais destinos de senegaleses e haitianos, principalmente o Interior, pois em Porto Alegre o custo de vida é mais alto, e a demanda por essa mão de obra, menor. Nas pequenas cidades, eles mudam o retrato da massa trabalhadora. Em Encantado, os migrantes negros já representam 2% da população e 30% dos funcionários de um frigorífico da Dália Alimentos. Um novo processo migratório, formado, sobretudo por africanos e caribenhos, começa a vingar no Rio Grande do Sul. As regiões cresceram, cidades como Caxias do Sul, Lajeado e Passo Fundo se tornaram poderosos pólos industriais e hoje são ponta de lança do ciclo encabeçado por 11,5 mil estrangeiros negros, vindos não de zonas rurais, como seus antecessores, mas do meio urbano, e com pelo menos o Ensino Médio no currículo escolar.
Os haitianos, dominicanos, senegaleses, ganeses,