Idosos
Assim como na aula inaugural de anatomia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) em 1968, o professor titular José Carlos Prates, hoje aposentado, retira lentamente o pano que cobre a face de um cadáver. Com os estudantes de Medicina em volta, o médico lê a "Oração ao Cadáver Desconhecido", escrita em 1876 pelo patologista Karel Rabistansky. “Há quem defenda que não é mais necessário usar peças de cadáveres nas aulas de anatomia, mas é muito importante até mesmo do ponto de vista psicológico. Lidar com a morte é essencial para a formação dos alunos”, disse Ricardo Smith, vice-reitor da Unifesp, ex-aluno da primeira turma de Medicina da universidade.
“O aprendizado é vivo. O estudante vê e pratica, observa como são as pessoas e consegue tratá-las”, afirmou o fisioterapeuta Gabriel Moya, formado em 2006 pela USP (Universidade de São Paulo). “O conteúdo que aprendi nas aulas está claro na minha mente até hoje. Temos muito respeito com os cadáveres. Não sabemos quem são, mas são instrumentos fundamentais para nosso conhecimento”.
As primeiras impressões de uma aula de anatomia geralmente não são encaradas do ponto de vista técnico. O estudante de biologia Maurício de Oliveira, 21, teve dificuldade em lidar com o corpo de um desconhecido. “O fato de que tudo que estava disposto nas bancadas teve vida um dia sempre causou um grande receio em todos os alunos”,