Ideologias políticas modernas
Fábio Wanderley Reis (UFMG) o 4-
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M eu objetivo aqui será o de especificar o foco de uma Sociologia Política, ou Sociologia da Política, em comparação com certas perspectivas alternativas. Uma das maneiras de tentar essa especificação seria o confronto entre uma perspectiva tradicional em relação ao estudo da realidade política — uma perspectiva filosofante, de orientação jurídica, com freqüência normativa — e uma perspectiva empírica, que seria a que caracterizaria a Sociologia Política. Outra maneira teria a ver com o confronto entre uma perspectiva de maior ambição teórica, abstrata, dedutiva, de preocupação generalizante, de maior compromisso nomológico ou nomotético, e uma perspectiva idiográfica, que envolveria maior ênfase nas peculiaridades e singularidades, maior referência ao contexto e a preocupação de situar e datar as proposições, ao invés do empenho na eventual formulação de proposições de alcance geral ou universal. Neste último caso caberia especialmente o confronto entre a perspectiva da "escolha racional" e uma perspectiva sociológica "convencional", como costumam dizer os adeptos da escolha racional.
Se tomamos esses dois confrontos de perspectivas, uma observação inicial é a de que, em vez de termos o predomínio claro e definitivo de qualquer dos dois pólos sobre o outro, há,
1 Transcrição, revista pelo autor, de palestra pronunciada no workshop "Sociologia Política. Trajetórias e Perspectivas", organizado pelo Programa de PósGraduação em Sociologia Política da UFSC, em 4 de abril de 2002.
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ao contrário, uma situação de indefinição. Quanto ao enfrentamento entre escolha racional e Sociologia Política, por exemplo, claramente há a penetração e a afirmação crescente da abordagem da escolha racional. Essa penetração justifica mesmo a pretensão de caracterizar a escolha racional como a perspectiva hegemônica. Num