Ideologias de Michael Lewy
Resenha
Resenha do livro: Löwy, Michael. Ideologias e ciência social: elementos para uma análise marxista. São Paulo: Cortez, 2008.
Por: José Alexandre da Silva
Mestrando em educação PPGE-UEPG
IDEOLOGIAS E CIÊNCIA SOCIAL, UMA REFLEXÃO ATUAL
Quando o sociólogo Michael Löwy realizou um ciclo de palestras em São Paulo, a convite de assistentes sociais da PUC, talvez não se imaginasse que a transcrição de suas falas e dos debates resultariam num livro, da editora Cortez, amplamente utilizado nas universidades brasileiras no âmbito da educação e das ciências humanas. O caráter de apresentação oral, que dá à obra um cunho informal didático, faz o autor realizar suas escusas. Entretanto, acreditamos ser esse um ponto forte do livro por tratar de conteúdo complexo, com uma forma inteligível e sem grande perda de profundidade. O autor percorre a trajetória de conceitos, como ideologia, positivismo, historicismo e marxismo.
O primeiro a utilizar o termo ideologia foi o discípulo dos enciclopedistas Destutt de Tracy e seu significado correspondia ao resultado da interação entre a natureza e o cérebro humano. Quando Napoleão Bonaparte chama de Tracy e seu grupo de ideólogos, o termo ganha um novo significado “(...) para Napoleão essa palavra já tem um sentido diferente: os ideólogos são metafísicos, que fazem abstração da realidade, que vivem em um mundo especulativo” (LÖWY, 2008, p.11) e é esse mesmo significado o qual Marx vai se apropriar e utilizar no seu A ideologia Alemã em 1846. O termo ideologia aparece então como pejorativo. Já na formulação de Lênin, vai haver uma ideologia burguesa e uma ideologia do proletariado. Ainda dentro da corrente marxista vai ganhar destaque, na análise de Löwy, o sociólogo Karl Mannheim com seu livro Ideologia e Utopia.
Para Mannheim, existe uma distinção entre os conceitos de ideologia e utopia:
(...) ideologia é o conjunto das concepções, idéias, representações, teorias, que se