Ideologia
É difícil encontrar na Ciência social um conceito tão complexo, tão cheio de significado quanto o conceito de ideologia. Nele se dá uma acumulação fantástica de contradições, de paradoxos, de arbitrariedades, de ambiguidades, de equívocos e de mal-entendidos, o que torna exatamente difícil encontrar seu caminho nesse labirinto.
O termo ideologia foi utilizado inicialmente pelo pensador francês Desturt de Tracy (17541836), segundo o qual ideologia é o estudo científico das ideias e, as ideias são resultado da interação entre o organismo vivo e a natureza, o meio ambiente. Tracy procurou elaborar uma explicação para os fenômenos sensíveis que interferem na formação das ideias, ou seja, a vontade, a razão, a percepção e a memória.
Alguns anos mais tarde, em 1812, Napoleão Bonaparte, utiliza o termo ideologia como o de “ideia falsa” ou “ilusão”, num discurso perante o Conselho de Estado, ao afirmar que seus adversários eram apenas metafísicos, pois o que pensavam não tinha conexão com que estava acontecendo na realidade, na história.
Karl Marx retomou esse conceito, conservando esse significado napoleônico do termo, isto, o ideólogo é o sujeito que inverte as relações entre as ideias e o real. Em A Ideologia Alemã
(1846), o conceito de ideologia parece como equivalente a ilusão, falsa consciência, concepção idealista na qual a realidade é invertida e as ideias aparecem como motor da vida real. Trata-se de um sistema elaborada de representações e de ideias que correspondem a formas de consciência que os homens têm em determinada época. Para Marx, claramente, as ideias das classes dominantes são as ideologias dominantes na sociedade.
Com base nos pressupostos teóricos do materialismo histórico, o pensador alemão demonstra que a ideologia não surge do nada. Ou seja, é produzida a partir das relações socioeconômicas, da luta de classes, das contradições que existem na sociedade em que vivemos, com o objetivo de tentar justificar, amenizar ou ocultar