Identidade e a Representacao
A identidade e a representação
Elementos para uma reflexão crítica sobre a ideia de região
A intenção de submeter os instrumentos de uso mais comum nas ciências sociais a uma crítica epistemológica alicerçada na história da sua gênese e da sua utilização encontra no conceito de região uma justificação particular. Com efeito, àqueles que vissem neste projeto de tomar para objeto os instrumentos de construção do objeto, de fazer a história social das categorias de pensamento do mundo social, uma espécie de desvio perverso da intenção científica, poder-se-ia objetar que a certeza em nome da qual eles privilegiam o conhecimento da “realidade” em relação ao conhecimento dos [108] instrumentos de conhecimento nunca é, indubitavelmente, tão pouco fundamentada como no caso de uma “realidade” que, sendo em primeiro lugar, representação, depende tão profundamente do conhecimento e do reconhecimento.
As lutas pelo poder de di-visão Primeira observação: a região é o que está em jogo como objeto de lutas entre os cientistas, não só geógrafos é claro, que, por terem que ver com o espaço aspiram ao monopólio da definição legítima, mas também historiadores, etnólogos e, sobretudo desde que existe uma política de “regionalização” e movimentos “regionalistas”, economistas e sociólogos. Bastará um exemplo, colhido dos acasos da leitura: “é preciso prestar homenagem aos geógrafos, eles foram os primeiros a interessarem-se pela economia regional. Por vezes mesmo eles tendem a reivindica-la como uma coutada”. A este respeito, escreve Maurice Le Lannou: “Admito que deixemos ao cuidado do sociólogo e do economista a descoberta das regras gerais – se as há – a partir do comportamento das sociedades humanas e do mecanismo das produções e das trocas. A nós, pertence-nos o conccreto presente e diversificado que é a mantra de retalhos multicolor das economias regionais (...). Os inquéritos regionais dos geógrafos apresentam-se frequentemente como estudos extremamente minuciosos,