A Construção de Identidade na “Geração Fitness” do Instagram: a representação do eu e do corpo no ciberespaço
Resumo
O pós-contemporâneo intensificou o uso do selfie, conceito de fotografia utilizado em abrangência nos sites de rede social. Neste artigo, busca-se analisar perfis do Instagram com traços em comum. Assim, geração fitness é uma categoria com fins metodológicos para enquadrar perfis com a construção identitária semelhante, baseada na busca por um estilo de vida saudável, idealização e exibição do corpo nos selfies. Três perfis listados entre os dez mais populares no Instagram nesta categoria foram selecionados para análise da representação do eu utilizando-se o conceito de fachada com os componentes cenário, aparência e maneira. Verifica-se que os projetos de felicidade individuais são similares ao partirem da mesma construção imagética na rede. São utilizados também conceitos de pele teflon, corpos remodelados, manutenção do controle expressivo e preservação da fachada.
Palavras-chave: construção de identidade; Instagram; fachada; fitness.
Projeto de Felicidade
Freire Filho (2010) compreende que desde o final do século XX há uma expansão da capacidade e das possibilidades de ser feliz. A cultura da sociedade pós-moderna traz em si a ideia fixa e a obrigatoriedade de estar feliz e apresentar tal felicidade aos outros cotidianamente. Assim, a felicidade “não estaria atrelada à sorte, trunfo da aleatoriedade, ao destino (manifestação de uma ordem preestabelecida) ou à recompensa final por uma vida virtuosa. Tampouco dependeria das ações distributivas ou assistenciais do Estado”.8
Tal ideal potencializa as performances e as representações das pessoas em sociedade, se configurando no imaginário como um projeto de bem-estar que deve ser atingido todos os dias.
Conforme Paula Sibilia (2010)9, as pessoas se revelam cada vez mais dispostas a enfrentar difíceis imolações para atingir seu projeto de felicidade. É o caso da geração fitness, com suas dietas, exercícios, cirurgias