Ibas e G20
ARTIGO
Alliances and Coalitions in the Lula Administration:
An analyisis of Ibsa and G20
MARCELO FERNANDES DE OLIVEIRA*
Introdução
Nos últimos anos, o ambiente internacional tornou-se mais turbulento e tenso, inaugurando um período de transformações nas orientações políticas e econômicas prevalecentes nos anos 90. Do lado político, após a emergência da administração G. W. Bush e dos atentados terroristas, os Estados Unidos passaram a acentuar o viés unilateral do exercício da sua política externa.
Evidenciaram, inclusive, a disposição em utilizar o “ataque preventivo” para evitar qualquer ameaça à supremacia político-militar global norte-americana.
Na órbita econômica, a experiência da Argentina demonstrou aos países em desenvolvimento e PMDR – Países de Menor Desenvolvimento Relativo – que a adesão ao discurso hegemônico liberal de integração aos mercados globais preconizado pelos países desenvolvidos e pelos organismos internacionais, tais como FMI e Banco Mundial, não garante desenvolvimento econômico e social, nem apoio nos momentos de crise. Pelo contrário, os próprios países tendem a ser responsabilizados por seguirem o receituário neoliberal do mainstream internacional. Em suma, a agenda econômica dominante no fim do século passado está perdendo proeminência vis-à-vis a agenda da segurança, o que tornou inviável a continuidade da estratégia de inserção internacional baseada na premissa da autonomia pela integração do governo Fernando Henrique Cardoso. Em outras palavras, os novos constrangimentos sistêmicos internacionais demandaram a reformulação da estratégia de inserção internacional do Brasil. Nessa direção, já quase no fim de seu mandato, a diplomacia do governo Cardoso intensificou relações e estabeleceu coalizões na lógica da geometria variável de poder com
* Doutor em Ciência Política pela USP e Pesquisador do Centro de Estudos de Cultura