Hum!?
Lisa Bortolotti e John Harris
Universidade de Manchester
Neste ensaio defende-se a permissibilidade da investigação em células estaminais nos embriões humanos na sua fase inicial. Sustenta-se que, para ter um estatuto moral, um indivíduo tem de ter interesse no seu próprio bem-estar. A senciência é um pré-requisito para ter interesse em evitar a dor e ser uma pessoa é um pré-requisito para ter um interesse na continuação da sua própria existência. Os embriões humanos na sua fase inicial não são sencientes e, portanto, não são recipiendários de consideração moral directa. Os embriões humanos na sua fase inicial não satisfazem os requisitos para serem pessoas, mas há argumentos no sentido de que, apesar disso, devem ser tratados como pessoas. Há os argumentos da potencialidade, do valor simbólico e o princípio da dignidade humana. Estes argumentos são questionados neste ensaio e defende-se que não apresentam uma boa razão para crer que os embriões humanos na sua fase inicial devem ser tratados como pessoas.
Introdução
Neste ensaio avança-se um argumento para a permissibilidade da investigação em células estaminais nos embriões humanos com base na perspectiva de que apenas seres com interesses no seu próprio bem-estar são candidatos adequados à consideração moral directa. Todos os seres sencientes têm um interesse em evitar a dor e não se lhes deve causar sofrimento desnecessariamente. Os seres sencientes que são também racionais e auto-conscientes podem ter um interesse na continuação da sua própria existência e a sua existência não deve ser interrompida desnecessariamente (Harris, 1985).
Este ensaio identificará os critérios que um ser tem necessidade de satisfazer com vista a ser considerado senciente ou uma pessoa. Dados os critérios, sugerir-se-á que os desenvolvimentos recentes na avaliação da dor e da auto-percepção em não humanos aumentam a possibilidade de responder a duas perguntas de