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O quadro comportava, de um lado, a visibilidade das obras canônicas, a chamada “alta cultura”; de outro, o apagamento da diversidade proveniente das perspectivas sociais marginais, que incluem mulheres, negros, homossexuais, não-católicos, operários, desempregados...
Tanto quanto os romances de Lygia Fagundes Telles, de Nélida Piñon e de Ana Maria Machado, a coletânea de narrativas curtas da escritora paranaense Luci Collin representa e ilustra, com muita propriedade, alguns dos mais significativos códigos estéticos e ideológicos do Pós-Modernismo.
Nessa vasta galeria de personagens femininas que constituem os romances As meninas (1973), de Lygia Fagundes Telles, A república dos sonhos (1984), de Nélida Piñon, A audácia dessa mulher (1999), de Ana Maria Machado, e a coletânea de narrativas curtas Inescritos (2004), de Luci Collin – obras publicadas por importantes escritoras brasileiras no decorrer das últimas quatro décadas –, é sintomático o fato de não haver qualquer sugestão ancorada em proposições universais e essencialistas relacionadas ao modo de pensar o sujeito feminino. Parece que, no conjunto, tais escritoras ecoam o pensamento da pós-modernidade, descentralizando a hegemonia do discurso patriarcal, responsável pelo binarismo que, historicamente, vinha marcando as relações de gênero. Se nas obras mencionadas, ainda passeiam mulheres-objeto, também figuram, e com maior recorrência, mulheres-sujeito, capazes de decidir o rumo que desejam imprimir à própria vida.
Já em “Essência”, a escritora põe em discussão a