Hugo Chaves
Carta a um diplomata liberal sobre a deposição de Fernando Lugo...
A postura do Brasil e do MERCOSUL nada tem de incoerente. A nossa própria história nacional comprova que democracia não se constrói da noite para o dia e que um dos seus principais fundamentos é a estabilidade. Estabilidade que só pode ser conquistada com uma oposição que atue dentro dos quadros do Estado Democrático de Direito, sem sabotá-lo ou pervertê-lo a fim de satisfazer interesses particulares.
O presidente Fernando Lugo foi eleito em pleito popular e o seu impedimento não foi apenas baseado em alegações altamente subjetivas como também por um processo de claro desrespeito à própria Constituição, orquestrado pelo Congresso e pela Corte Suprema de Justiça. Os argumentos que levam à caracterização do ocorrido como puro golpe são claros e estão longe de qualquer cunho ideológico. Eles estão estampados em artigos tais como o do professor Pedro Serrano, publicado na Carta Capital da semana passada, ou nas posições do professor britânico Peter Lambert, especialista em Constituição paraguaia, em entrevista à revista Época. Como pode ver, em revistas de diferentes perfis ideológicos.
Não sei o que o Senhor chama de “clara lição de Direito dos paraguaios”, tampouco o que entende por “lição dos brasiguaios”. Na verdade não sei o que o Senhor realmente quer dizer com suas posições acerca do tema. Ou melhor... acho que sei...
Sempre ataca em seu blog, com ferocidade, governos eleitos democraticamente como os de Morales, Correa e Chávez, acusando-os de corromperem a democracia de seus países. Contraditoriamente recebe com grande “alegria” a deposição de Lugo, não pelas urnas, não democraticamente, mas por uma sabotagem legal. Critica o processo de aniquilação legal que Chávez faz da democracia venezuelana e aceita com bom tom o que foi feito no Paraguai. Bem, de fato aceita e ainda apela para um pragmatismo brasileiro em suas relações com o Paraguai.
Se quiser um