Homo Ludens e Faber
“Não existe atividade humana da qual se possa excluir toda intervenção intelectual, não se pode separar o homo faber do homo sapiens”
(Gramsci)
Sobre o binômio faber-ludens , não encontramos grande número de textos em que Morin os toma como objeto de discussão. Contudo temos o suficiente para caracterizarmos as referidas dimensões em seus traços fundamentais.
Uma sociedade definida como “racional-técnicautilitária” onde “O ser humano tem, doravante, o selo homo sapiens e homo faber. Efetivamente trata-se de um animal dotado de razão e que a aplica fabricando instrumentos, desenvolvendo a técnica” (MORIN, 2002, p. 116).
“há no humano um formidável potencial de racionalidade e um formidável potencial de desenvolvimento técnico, que se atualizarão ao longo da história, tendo se acelerado e amplificado nestes últimos séculos”.
Muitas descobertas e realizações tiveram sua gênese nos sonhos, na imaginação, nos desejos humanos, “é também a técnica que realizará artificialmente as ambições e sonhos dele[s]” (MORIN, 2002, p. 41). E numa perspectiva de integralidade do ser humano, Morin afirma que
Primeiramente, o homem não pode ser reduzido ao seu rosto técnico de homo faber, nem ao seu rosto racionalista de homo sapiens. É preciso, no rosto do homem considerar o mito, a festa, a dança, o canto, o êxtase, o amor, a morte (MORIN,
1979, p. 206).
Morin apresenta a dimensão lúdica do homem que constituirá o binômio faber e ludens. No Dicionário Houaiss da língua Portuguesa
(2001, p. 1547) ludens é uma “expressão usada para designar o homem em suas atividades não utilitárias”. Morin (2002, p. 130) aborda o lúdico principalmente referindo-se ao jogo, termo que
“comporta uma enorme variedade de atividades lúdicas: jogos de cartas e de azar, loterias, esportes e, especialmente, futebol, corridas de automóvel, jogos de televisão”. No Brasil, Pentacampeão e
“Pais do Futebol”, o jogo torna-se uma paixão nacional, produto comercializado para o exterior.