homem de cabeça de papelão
2258 palavras
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Joo do Rio No Pas que chamavam de Sol, apesar de chover, s vezes, semanas inteiras, vivia um homem de nome Antenor. No era prncipe. Nem deputado. Nem rico. Nem jornalista. Absolutamente sem importncia social.O Pas do Sol, como em geral todos os pases lendrios, era o mais comum, o menos surpreendente em idias e prticas. Os habitantes afluam todos para a capital, composta de praas, ruas, jardins e avenidas, e tomavam todos os lugares e todas as possibilidades da vida dos que, por desventura, eram da capital. De modo que estes eram mendigos e parasitas, nicos meios de vida sem concorrncia, isso mesmo com muitas restries quanto ao parasitismo. Os prdios da capital, no centro elevavam aos ares alguns andares e a fortuna dos proprietrios, nos subrbios no passavam de um andar sem que por isso no enriquecessem os proprietrios tambm. Havia milhares de automveis disparada pelas artrias matando gente para matar o tempo, cabarets fatigados, jornais, tramways, partidos nacionalistas, ausncia de conservadores, a Bolsa, o Governo, a Moda, e um aborrecimento integral. Enfim tudo quanto a cidade de fantasia pode almejar para ser igual a uma grande cidade com pretenses da Amrica. E o povo que a habitava julgava-se, alm de inteligente, possuidor de imenso bom senso. Bom senso Se no fosse a capital do Pas do Sol, a cidade seria a capital do Bom SensoPrecisamente por isso, Antenor, apesar de no ter importncia alguma, era exceo mal vista. Esse rapaz, filho de boa famlia (to boa que at tinha sentimentos), agira sempre em desacordo com a norma dos seus concidados.Desde menino, a sua respeitvel progenitora descobriu-lhe um defeito horrvel Antenor s dizia a verdade. No a sua verdade, a verdade til, mas a verdade verdadeira. Alarmada, a digna senhora pensou em tomar providncias. Foi-lhe impossvel. Antenor era diverso no modo de comer, na maneira de vestir, no jeito de andar, na expresso com que se dirigia aos outros. Enquanto usara cales, os amigos da famlia consideravam-no um enfant