Hobbes o profeta do absolutismo
Escrevendo sobre o surgimento do Estado moderno, o prof. Jean
Marie Goulement assinala: “Sem dúvida, as crises religiosas do séc. XVI e as perturbações civis que as acompanharam, ao fazerem surgir os grandes medos da anarquia e da destruição das estruturas políticas e sociais, permitiram a constituição, tida como vital, de um Estado forte”. Esse novo Estado surgiu com a Idade Moderna e sobreviveu durante grande parte da Idade Contemporânea.
Assim como a fé é o fundamento de todas as religiões, o Estado que nasceu com a Idade Moderna tornou-se o fundamento de todas as teorias políticas desde então. Da mesma forma como Maquiavel se transformou no primeiro grande teórico da política, Hobbes é considerado, com toda razão, o primeiro profeta do Estado. Mais do que do Estado, do Estado absolutista.
O HOMEM E SUA OBRA
Nascido em Malmesbury, na Inglaterra, em 5-4-1588, o filósofo inglês morreu em Hardwick em 4-12-1674. Estudou na Universidade de Oxford e, na qualidade de preceptor de W. Cavendish, 2o conde de Devonshire, o acompanhou, entre
1608 e 1610, numa primeira viagem à França e à Itália. Dezenove anos depois, regressou à França com o filho de Sir G. Clifton, ali permanecendo durante mais dois anos, até 1631, quando se dedicou ao estudo das ciências da natureza e da matemática. Contratado novamente pela família Cavendish, como preceptor do filho de seu antigo patrono, voltou ao continente pela terceira vez, quando teve a oportunidade de travar conhecimento com o padre Martin Mersenne, matemático, musicólogo e filósofo francês e de visitar Galileu Galilei. De volta à Inglaterra, em 1637, concebeu o plano que mais tarde veio a desenvolver em três diferentes tratados. Como a opinião pública inglesa tornava-se cada vez mais hostil à monarquia absolutista vigente no país, e temendo represália por sua manifestação a favor do absolutismo, em sua obra De Cive, Hobbes refugiou-se em Paris, onde permaneceu durante 11